Mais do que formalizar um negócio, o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) pode garantir uma série de vantagens para o empreendedor, especialmente na hora de comprar. Com um CNPJ ativo e regularizado junto à Receita Federal, é possível acessar descontos e condições comerciais diferenciadas voltados a pessoas jurídicas (PJ). Mas como funciona esse processo e o que é necessário para comprar como empresa?
“Oferecer condições vantajosas para outras pessoas jurídicas já é uma lógica comercial disseminada. Muitas empresas indicam isso nas políticas comerciais, e possuem vendedores que são totalmente dedicados a outros clientes PJ”, diz Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School.
Para Leliane Petrocelli, analista de negócios do Sebrae-SP, as pessoas jurídicas devem sempre utilizar seu CNPJ para adquirir insumos de todos os segmentos, que incluem itens de atacarejo e até maquinário para a produção. “Quem tem empresa precisa comprar no atacado — não adianta adquirir produtos unitários e esperar lucrar com isso. Trabalhar com volume é essencial para garantir margem e competitividade para manter a organização de pé”, afirma.
O professor da FIA Business School, entretanto, alerta que pequenas empresas devem ter muito cuidado para não misturar os bens pessoais com os do negócio e comprar um produto pessoal com o CNPJ. “A princípio parece vantajoso, mas isso pode gerar problemas contábeis no futuro”, diz o docente, que sugere sempre o acompanhamento de um contador para evitar situações que possam ser consideradas fraude.
Quer usar seu CNPJ para fazer compras? Entendo abaixo como funciona:
O que é necessário ter para comprar utilizando o CNPJ?
O empreendedor deve ter o seu CNPJ regularizado, ativo e sem restrições, tanto junto à Receita Federal quanto à prefeitura e, se for o caso, ao governo estadual.
“O comprador precisa apresentar o número do CNPJ e comprovar que é a titular daquela empresa. Todo CNPJ vem com um cartão, assim como temos o CPF. Quando informamos o número, a Receita Federal automaticamente identifica o nome do responsável legal”, explica a analista do Sebrae-SP.
Como encontrar fornecedores que vendem para CNPJ com desconto?
Encontrar empresas que oferecem descontos para pessoas jurídicas varia conforme o setor, explica o professor da Fia Business School, que recomenda perguntar diretamente aos principais fornecedores quais são as condições de venda.
A analista de negócios do Sebrae-SP recomenda o uso da internet para buscar na internet por empresas que atuam com atacado no segmento desejado. “Hoje, com a inteligência artificial, é ainda mais prático. Por exemplo: se você tem uma pequena loja de materiais de construção e quer encontrar fornecedores, pode pedir isso para ferramentas como o ChatGPT ou o Gemini, do Google. Elas geram listas com contatos, localização e outros dados úteis”, afirma.
Preparação para negociar
Cada empresa tem autonomia para determinar as condições em que venderá para outras empresas. Então, depois de encontrar fornecedores, os empreendedores devem se preparar para a fase da negociação — o que, segundo os especialistas, já é o esperado dentro dessa lógica comercial.
“O consumidor pessoa física tende a aceitar o preço dado. Já no B2B, mesmo uma empresa pequena tem margem para negociar", diz Olivo, que recomenda que os pequenos negócios apostem em uma forte argumentação para conseguir descontos.
“É possível dizer que, apesar de ser pequeno hoje, o negócio tende a crescer e aquele é o início de uma parceria para se tornar um cliente fiel no futuro. Da mesma forma, o empreendedor pode argumentar que multiplicará a visibilidade da fornecedora, já que seus clientes também verão os produtos em muitos casos, sendo uma propaganda indireta.”
A analista do Sebrae-SP acrescneta que investir no relacionamento com o fornecedor faz toda a diferença para conseguir melhores valores. "Quanto mais tempo de casa e histórico de compras você tiver, maior será seu poder de barganha. É diferente de quem está comprando pela primeira vez."
Além de oferecer bons argumentos, o empreendedor deve ter suas contas organizadas para conseguir condições melhores de compra. "Antes de conceder um prazo de pagamento, a empresa vendedora faz análise de crédito, consulta o Serasa, avalia o risco e verifica toda a situação da empresa nos orgãos públicos", diz Olivo.
Por fim, o empreendedor deve entender que barganhar também é uma forma de mostrar profissionalismo. “Muitos empreendedores têm receio de negociar, mas não deveriam. Isso mostra que há alguém na empresa pensando estrategicamente, com estrutura e visão de longo prazo”, diz o professor. "Especialmente em um cenário econômico de preços altos, perder dinheiro por falta de negociação é algo que os pequenos negócios não podem se permitir.”
